terça-feira, 2 de setembro de 2008

Do ócio

Pouquíssimas pessoas sabem aproveitar o ócio como ele é. Ele é um sujeito tranquilo, é quem não nos deixa perder tanto cabelo nem cultivar uma super úlcera ao longo da vida. O ócio não deve ser a inércia da vontade, deve ser vontade manifestada que, aos olhos de outrem, parece inércia. Hoje em dia, é artigo de luxo, algo como um vinho de uma safra espetacular e com envelhecimento perfeito. O sortudo e distinto indivíduo apreciador chega ao local e pede para ser servido um copo de ócio, sem pressa, claro(não há necessidade da sofisticação do vinho, que deve ser servido em taça). Ócio é como a nitroglicerina dos filmes da sessão da tarde, nunca deve ser manuseado com pressa, ou as conseqüências podem ser desastrosas. Uma dessas consequências consiste no lado negro dele, o tédio, que é fruto de pura questão de percepção, questão esta, que pode ser elucidada por qualquer teoria da relatividade, daí, o que resta saber é que é necessária muita disposição para transformar um momento de ócio em um momento de tédio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada como saber diferenciar ócio de tédio.

Adorei